Após avaliar centenas de publicações, um grupo de pesquisadores da
Universidade de Barcelona, Espanha, e da University of Split School of
Medicine, Croácia, constatou que, sem a formulação de políticas que definam
explicitamente quais são os tipos de más condutas na ciência e quais
procedimentos devem ser adotados, a padronização das boas práticas acadêmicas é
dificultada.
O
artigo, publicado em dezembro na PLoS
ONE, analisou 399 periódicos de todo o mundo com alto impacto na
área de biomedicina, indexados ao Journal
Citation Reports durante
o mês de dezembro de 2011. Os autores observaram a predominância e o conteúdo
das políticas voltadas para as boas práticas, analisando procedimentos adotados
em casos de manipulação de dados e alegações de má conduta. Embora publicações
na área de biomedicina tenham assumido posição de liderança na formulação de
políticas editoriais, há poucas evidências de quais políticas estão voltadas
para a prevenção de má conduta de pesquisa e quais aquelas que estão
disponíveis ao público.
Dos
399 periódicos científicos analisados, 140 forneceram definições explícitas de
má conduta em pesquisa. Falsificação foi diretamente mencionada por 113 publicações;
fabricação de dados, por 104; plágio, 224; duplicação, 242; e manipulação de
imagem, por 154. O predomínio de todos os tipos de políticas voltadas para
reforçar boas práticas foi mais elevado em revistas que endossaram qualquer
política vinda de editoras, associações, Office of Research Integrity (órgão
dos Estados Unidos responsável, entre outras funções, pela prevenção de má
conduta na prática científica) ou sociedades científicas.
As
editoras Elsevier e Wiley-Blackwell tiveram a maioria dos periódicos incluídos
na pesquisa – 22,6% e 14,8%, respectivamente. Nas publicações da Wiley
prevaleceram definições claras de falsificação e fabricação de dados, enquanto,
nos periódicos da Elsevier, o predomínio foi de referências a serviços de
checagem de plágio.
Os
autores concluíram que apenas um terço das principais publicações tem
definições de má conduta disponíveis publicamente e menos da metade descreve
procedimentos que devem ser adotados em casos de acusações de manipulação de
informações. Como forma de incentivar a formulação de políticas internacionais
a partir de órgãos associados à implementação de procedimentos, o estudo sugere
que as revistas e suas editoras regulamentem e tornem públicas suas políticas,
com o objetivo de aumentar a confiança em relação aos periódicos. Garantindo,
ainda, o aumento dos níveis de transparência no âmbito acadêmico.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP. Edição 204 - Fevereiro de 2013
Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/02/11/definicoes-exatas-de-ma-conduta-cientifica/>. Acesso em: 02/10/2014
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