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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Autor do Science Fraud diz que vai continuar denunciando; universidade critica

HERTON ESCOBAR
09 Janeiro 2013 | 16:57

O autor do site Science Fraud (Fraude Científica, em inglês), Paul Brookes, preparou uma declaração por escrito ontem, na qual diz que vai continuar divulgando denúncias de fraudes científicas e que pretende criar uma fundação sem fins lucrativos para isso. Um processo que ele batizou de “revisão anônima por pares pós-publicação”.
O blog de Brookes virou notícia no Brasil recentemente, por conta da publicação de acusações de fraudes científicas supostamente praticadas pelo diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Rui Curi, e/ou alguns de seus alunos. Todo o conteúdo do site foi tirado do ar no início deste mês; segundo Brookes, para evitar ser processado legalmente, depois que alguém descobriu sua identidade e espalhou seu contato para várias pessoas que estavam sendo denunciadas por ele no blog (que até então era anônimo). Para mais detalhes, vejam os posts anteriores sobre o assunto.
Rui Curi e seus alunos negam as acusações de fraude. O caso está sendo analisado pela USP e pelo CNPq.
Vejam abaixo a íntegra da declaração de Brookes, traduzida para o português. (OBS: Ele me enviou a nota hoje em resposta aos meus pedidos de entrevista … não tenho certeza se está disponível abertamente na internet.)
Declaração de Paul S. Brookes, PhD, sobre um sistema de revisão anônima por pares pós-publicação:
Em julho de 2012 eu registrei o domínio www.sciencefraud.org e criei um site destinado a facilitar a denúncia anônima de questionamentos sobre dados em artigos científicos publicados, semelhante a outros sites criados recentemente (por exemplo, o blog alemão “abnormalscience” e o do blogueiro japonês Juichii Jigen). O objetivo era aumentar a confiança na literatura científica e, com o auxílio de assistentes anônimos que enviaram material e ajudaram a analisá-lo, foram documentadas mais de 500 peças questionáveis de dados em mais de 300 publicações. O site foi operado anonimamente sob o pseudônimo de “fraudador” e por meio do email  scifraudster at gmail.com.
Em 3 de janeiro de 2013 alguém descobriu minha identidade e a enviou para mais de 100 pessoas, incluindo vários cientistas cujo trabalho fora listado no site, incentivando ações legais (contra o site). Os emails também foram enviados para vários superiores da minha universidade, incorretamente referindo-se ao Science Fraud como um site de ódio e afirmando que nossas denúncias eram infundadas e motivadas por ciúmes e vingança pessoal.
Embora eu reconheça as limitações da abordagem adotada no site (e talvez até mesmo no nome do site), a base factual dos dados apresentados era indiscutível, e em muitos casos questionava trabalhos que acabaram sendo retratados ou corrigidos em função disso. Além disso, fica claro, com base nos comentários de milhares de leitores, comentaristas e denunciantes anônimos que um sistema de revisão anônima por pares pós-publicação é uma necessidade não atendida na ciência.
A este respeito, uma proposta está sendo redigida para estabelecer uma fundação sem fins lucrativos, a Associação de Revisão Anônima por Pares Pós-Publicação (AAPPR, em inglês). Sua estrutura está evoluindo, mas conceitos-chave incluem: (i) propriedade comum e de autoria de um grupo de cientistas reconhecidos, (ii) um conjunto de diretrizes e regulamentos para garantir a análise democrática dos trabalhos apresentados, e uma estrutura eleita de gestão, (iii) não atribuição de motivo ou culpa sobre a origem dos dados questionados, (iv) atenção para as questões de liberdade de expressão e comunicação segura entre os membros. Nesta fase inicial, temos mais de 30 cientistas interessados, e a entrada é bem-vinda de qualquer cientista interessado em assinar como membro ou com ideias para compartilhar ( psbrookes at aappr.org). Apesar deste revés recente, estou ansioso para seguir em frente com este próximo passo em PPR anônimo.
Paul Brookes
ATUALIZAÇÃO: Acabo de receber também um posicionamento da Universidade de Rochester sobre o caso. Aqui vai uma cópia na íntegra, também traduzida para o português.
“A atividade do Dr. Brookes no site Science Fraud resulta de um esforço pessoal seu, não sancionado nem apoiado pela Universidade de Rochester. Embora certamente respeitemos o direito Dr. Brookes à liberdade de expressão e de compartilhar sua paixão pelo rigor científico, não apoiamos a maneira que ele escolheu para divulgar suas perguntas. A comunidade científica tem um processo aberto, justo e bem compreendido para questionar métodos de pesquisa e suas conclusões.
Vamos desenvolver imediatamente um plano com o Dr. Brookes para garantir que ele siga nossas políticas de qualquer atividade relacionada com a Universidade e que suas atividades pessoais continuem a ser mantidas totalmente separadas de suas atividades na Universidade.”

Fonte: <http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/autor-do-science-fraud-diz-que-vai-continuar-denunciando/>. Acesso em: 07/10/2014

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Science Fraud


As scientists, we like to think that science is a bastion of virtue, untouched by science fraud.
The perception is that, other than junk science, science should be beyond reproach, unsullied by lies and propaganda. Results should always be regarded as valid and completely unbiased.
Unfortunately, human nature dictates that scientists are human and are always going to be prone to bias and error. Most such mistakes are subconscious, and a result of looking too hard for patterns that are not there.
Unfortunately, there are a number of more sinister cases, where scientists deliberately fabricated results, usually for personal fame. With the advent of corporate and politically funded research grants, poor results are becoming more dictated by policy than by scientific infallibility.

Some of the More Common Types of Science Fraud

There are many types of science fraud, from minor manipulation of results or incorrect causal connections to full-blown fabrication of results and plagiarism of the work of others.
There have been cases of researchers stealing the work of their students to obtain all of the credit and kudos.
There is a well-documented rumor of a scientific referee delaying the work of a rival, to ensure that he received the acclaim and a Nobel award. These allegations are often difficult to prove, as institutions often cover them up and try to sweep science fraud under the carpet.
Citations are one area of the scientific process that is coming under increased pressure, especially with the easy availability of information on the internet.
A citation, or reference, is supposed to credit past research that influenced the current research. Now, a bibliography and list of works cited often becomes a list to impress, readers assuming that the longer the list, the better the paper.
For example, most academics have had a tutor assign an essay and instructed them to use ‘at least twenty references.’ Most students then use 3 or 4 sources and throw in the other 16 to fill the quota, a problem in every academic area, not just science.
It is better to use a few reliable primary sources than rely upon secondary sources, all often saying the same thing. Supervisors and referees are becoming stricter about quality rather than quantity, so attitudes should slowly change.
Conversely, not citing the research of others, and stealing ideas, is another common science fraud. It is very easy to ‘spin’ the words of others, and pass it off as the researcher’s own.
Most scientific papers, especially during the literature review, use other sources, but they need to be properly cited.
A related type of fraud is where supervisors and funding bodies, who had little direct involvement in the work, often appear in the title whereas lab assistants, typists and translators are missed out. To try to evade this practice, it is common to include anacknowledgements page, to avoid cluttering up the title too much.

Some Famous Science Frauds

Dr. Hwang Woo Suk

For those who remember, this South Korean announced, to a fanfare, that he had successfully cloned a dog, and also had some success in human cloning. This research was published, passed the tests and then he was subsequently suspected of fraud and ethical violations.
He withdrew the paper and, as yet, there is no consensus as to whether the fraud was deliberate or the result of a badly written paper.

The Piltdown Hoax

This is probably one of the most famous science frauds of all time, which persisted for many years. A fossilized skull, apparently of the ‘missing link’ between apes and humans, was discovered in a quarry in Piltdown, Sussex, England. The find was taken to a distinguished paleontologist, Arthur Smith Woodward, head of the Geological Department at the British Museum.
He declared the find authentic, but almost straight away, questions were asked, and it gradually came to light that it was made up from bones of at least 3 hominid species, including the jawbone of an Orangutan with filed down teeth. Poor Woodward was the victim in this fraud, and his otherwise notable career became forgotten, his name forever linked with the fraud.
The perpetrators remain unknown, although the discoverer, Charles Dawson is suspected as an attempt to find fame and fortune.

Institutional Problems

Institutions are often reluctant to discipline wrongdoers, ignoring it, quietly shifting the fraudster to another department or even disciplining the wrongdoer.
Science has a problem that people are reluctant to risk losing their careers to reportscience fraud.
The problem is that it is difficult for reviewers to isolate flawed results without repeating the experiment themselves.

The Grey Area

The problem is defining what fraud is and what is honest. Scientists, like anybody, can make genuine mistakes, or be a little eager to see a correlation amongst the randomness.
This is not really fraud, but experimental error, and it would be unfair to be overly critical about this process. Unfortunately, a scientist’s wages and career are possibly on the line unless they produce results, and this crosses the line.
Another example of a grey area is in images. Scientists in cell biology, for example, would often use false color in an image to enhance areas, making it easier for their results to be seen.
With the increasing sophistication of graphics programs, there have been implications that this image enhancement has actually been used to manipulate images and show what is not there. Many scientific bodies now advise against enhancing images, because it leaves the researcher open to accusations.

The Review Process – Is it Flawed?

The fact is that, despite a few high profile cases, the scientific peer review process is fairly sturdy.
Reviewers pick out the worst of the fraud and replication of the experiment will pick out the aberrations and cases where genuine mistakes have been made.
A major shift in scientific beliefs does not happen with one paper, however groundbreaking the research. Hundreds of papers are required for the scientific community to accept something as ‘proof’.
A paper selectively using a few citations will eventually caught out and copyscape and other tools are making it easier to detect plagiarism.
Journals are starting to encourage an acknowledgments page, where the many people contributing to the research can have some recognition, from the copywriter to the lab technician.
A far more sinister process than failures in the system is the increasing amount of private research funding in the quest for research grants.
The Global Warming debate is one area where the genuine science has been swamped in a sea of conflicting interest, and it has moved into politics rather than science. The quest for grants has lead to the over exaggeration of the significance of proposals and often research tied to areas with mass appeal, driving out pure science.
Scientists are paid according to the number of papers that they produce, and this leads to rushed and shoddy science, as well as discriminating against female researchers who take maternity leave or work part time to juggle bringing up children and work.

Fonte: Disponível em: <https://explorable.com/science-fraud>. Acesso em: 02/10/2014

Science Fraud - Science Documentary

Acesse vídeo em You Tube: <https://www.youtube.com/watch?v=4HiMVGW1n00>.

Publicado em 23/11/2013
Most of what occurs in the practice of science goes on behind closed doors, beyond the prying eye of the public. Nevertheless science and the scientists who conduct its research seem to enjoy an almost religious-like reverence, having been granted a virtual hands-off policy by the public at large to advance and mold the future.

Visitado em: 02/10/2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Abaixo a má conduta na ciência


Agências de fomento à pesquisa criam documentos com diretrizes para promover a ética na publicação de resultados de estudos científicos. Denúncias de fraude envolvendo pesquisadores do CNPq serão avaliadas caso a caso por comissão especial.

Por: Luís Amorim
Publicado em 28/11/2011 | Atualizado em 28/11/2011
Abaixo a má conduta na ciência
Novas diretrizes éticas do CNPq e da Fapesp definem parâmetros para monitorar e julgar as más condutas na ciência e podem melhorar a imagem internacional da ciência brasileira. (montagem: Sofia Moutinho)
O chamado Homem de Piltdown, uma montagem manipulada de ossos humanos e de orangotango ‘vendida’ como o elo perdido na evolução da humanidade, e a suposta criação de uma linhagem de células-tronco embrionárias humanas pelo cientista sul-coreano Hwang Woo-suk são casos clássicos de fraudes na ciência que repercutiram em todo o mundo.
No Brasil, um caso envolvendo químicos da Universidade Federal de Mato Grosso e da Universidade Estadual de Campinas acusados de forjar resultados de 11 artigos científicos também mereceu destaque em jornais e revistas nacionais e internacionais no primeiro semestre deste ano.
Atentos aos crescentes problemas envolvendo má conduta em pesquisas científicas, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) lançaram recentemente documentos com diretrizes para promover a ética na publicação de resultados de pesquisas científicas.
documento do CNPq é fruto do trabalho de uma comissão criada em maio pela agência especialmente para lidar com a questão. Segundo o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, faltava ao órgão normas internas específicas e instrumentos para lidar com o problema.

Do autoplágio à fabricação de dados

Quatro práticas condenáveis são definidas no documento do CNPq, desde a mais branda, que seria o autoplágio – apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo mesmo autor sem as devidas referências aos trabalhos anteriores –, à mais grave, a fabricação de dados, ou seja, a apresentação de resultados inverídicos.
As outras duas mencionadas são a falsificação, quando há manipulação fraudulenta de resultados, e o plágio, que consiste na apresentação de resultados ou conclusões de outro autor como se fossem de sua autoria.
Beirão: “Se enganos podem ser inevitáveis, devemos nos empenhar em evitar as fraudes, que contribuem para desacreditar a própria ciência”
O coordenador da comissão e biofísico da Universidade Federal de Minas Gerais Paulo Sergio Lacerda Beirão explica que a ciência tem mecanismos de autocorreção contra informações incorretas, sejam originadas de erros ou de fraudes. Mesmo assim, essas incorreções geram atrasos e desperdício de dinheiro e de esforço intelectual.
“Se enganos podem ser inevitáveis, devemos nos empenhar em evitar as fraudes, que, além dos prejuízos mencionados, contribuem para desacreditar a própria ciência”, afirma ele.
Em relação ao plágio, Beirão avalia que os prejuízos são mais sutis, mas não menos importantes. “Na competição por apoio a futuros projetos de pesquisa, há a possibilidade de recursos serem dados a quem não tem méritos [plagiador], em detrimento daquele que efetivamente tem capacidade de gerar conhecimento [plagiado]”, avalia.
Plágio
O plágio – apresentação de resultados ou conclusões de outro autor como se fossem de sua autoria – pode prejudicar o reconhecimento dos méritos de quem efetivamente produziu o novo conhecimento, em favor de quem apenas o copiou. (foto: pressureUA/ iStockphoto)
Outro ponto do documento condena também a prática – bastante comum, diga-se de passagem – de se incluir, como autores de artigo científico, o nome de pessoas que só tenham emprestado equipamentos ou verba, sem contribuição intelectual. A comissão indica que esses pesquisadores devem ser mencionados apenas nos agradecimentos.

Prevenção e investigação

A partir de agora, a avaliação das denúncias de má conduta será feita primeiramente por uma comissão permanente ligada ao Conselho Deliberativo do CNPq. Caso sejam julgadas verossímeis, as supostas infrações serão submetidas a uma comissão extraordinária de especialistas para análise do caso.
Em situações consideradas graves, pode haver a suspensão de financiamento e, eventualmente, a exigência de devolução dos recursos investidos pelo órgão no trabalho.
A comissão do CNPq visa atuar e definir punições apenas no âmbito do conselho. “Como todo pesquisador tem vínculo profissional com alguma instituição de pesquisa, caberá a ela tomar a atitude que julgar pertinente, mas é provável que a atitude do CNPq influencie nesse julgamento”, acredita Beirão.
O biofísico adianta que o documento tem tido boa repercussão na comunidade científica, que está ciente de que, como em outras profissões, a ciência não é imune à presença de pessoas carentes de formação moral e ética.

Código paulista

Mais poderosa fundação estadual de amparo à pesquisa brasileira, a Fapesp também divulgou em outubro o seu código de boas práticas. As diretrizes se aproximam muito às propostas pelo CNPq e se debruçam em temas como a comunicação dos resultados da pesquisa e sua autoria; o registro, conservação e acessibilidade de dados e informações do estudo; e potenciais conflitos de interesse envolvidos.
Em entrevista à CH On-line, o diretor-científico da fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, avalia que “embora seja consenso que a responsabilidade principal pela integridade ética da pesquisa seja das instituições em que é desenvolvida, é também consenso que as agências de fomento, na qualidade de gestoras de recursos públicos, são corresponsáveis pela preservação dessa integridade”.
Ele defende que, ao instituir um código de boas práticas, a Fapesp assume expressamente responsabilidade e estimula o debate e a atenção permanente sobre questões de integridade ligadas à produção do conhecimento.
Brito Cruz: “A existência do código sinaliza a importância dessas questões e define parâmetros claros para que sejam adequadamente solucionadas”
“A existência do código sinaliza para pesquisadores e instituições a importância dessas questões e define parâmetros claros para que elas sejam adequadamente solucionadas no dia a dia de suas atividades científicas”, acredita.
As medidas punitivas que podem ser impostas pela Fapesp aos autores de más condutas incluem, entre outras, a suspensão temporária do direito de solicitar auxílios e bolsas à entidade, a devolução dos recursos concedidos pela fundação aos autores e a exigência de correção dos registros e relatos das pesquisas.
Renato Sérgio Balão Cordeiro, pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz, acredita que a medida das duas agências vá contribuir para melhorar a imagem internacional da ciência brasileira.
“No momento em que o Brasil desponta no cenário científico internacional – aumentando significativamente sua presença em periódicos indexados, formando mais de 10 mil doutores por ano e dando passos sólidos para alavancar o desenvolvimento tecnológico e a inovação –, as iniciativas do CNPq e da Fapesp são fundamentais e estratégicas para, de forma profilática, impedir fraudes na ciência, instituindo uma cultura de excelência e ética nas novas gerações de cientistas.”

Luís AmorimEspecial para a Ciência Hoje On-line

Plágio em trabalhos acadêmicos

Em trabalhos acadêmicos, sobretudo, qualquer menção a palavras ditas por outra pessoa, sem a devida citação, é considerada plágio.



Discutir acerca do plágio parece, sobretudo, retomar uma prática antes cultuada na vida do estudante, ou seja, desde seus mais tenros contatos com a educação formal, esse hábito, caracterizado pela famosa “cola”, compartilha algumas atitudes de quem, em um determinado momento, vê-se em ‘apuros’. Dessa forma, ainda que representando uma atitude politicamente incorreta, notabiliza-se como sendo em menor escala, não atingindo, portanto, grandes proporções, digamos assim.
No entanto, caso a ação passe a perdurar ao longo do tempo e representar um posicionamento concebido como normal, provavelmente, ao atingir um patamar mais elevado da carreira, as consequências desse ato podem atingir uma escala em maior grau – o que pode gerar ao acadêmico alguns “encargos”, muitas vezes difíceis (para não dizer impossíveis) de serem liquidados.
Enquanto alguém que se vê diante da incumbência de cumprir com prazos determinados, convivendo em meio a tantas falhas (mesmo porque elas não são de todo descartadas) por parte do orientador, entre outras circunstâncias, muitas vezes acaba optando por caminhos sinuosos e sem volta. Ora, atribuindo um fundamento para tal assertiva, cabe afirmar que qualquer cópia, imitação ou falsa criação de um trabalho realizado por outrem, mas caracterizado como sendo de autoria do emissor, sinaliza oplágio. Assim, dada essa razão, sob nenhuma hipótese é atribuído ao acadêmico o direito de apresentar, ainda que apenas trechos, um trabalho que não seja de sua própria autoria.
Assim, atendendo ao intuito de auxiliar o emissor diante de sua produção acadêmica, é que existe a ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas), regulamentando e dando o respaldo necessário para que as citações sejam feitas (devendo necessariamente existir pela questão da credibilidade) dentro dos padrões regidos pela já citada entidade. Dessa forma, caso você deseje ampliar seu conhecimento nessa questão e obter informações de uma forma mais abrangente, acesse o texto “Formas de citações”.
Por meio dele, você poderá se inteirar um pouco mais dos pressupostos ora regidos, tendo em vista a forma pela qual deseja fazer menção a um determinado assunto, seguido, obviamente, dos devidos créditos ao autor citado. Mas, a título de complementação, perceba e analise acerca de algumas práticas consideradas como plágio, visando, sobretudo, ao sucesso do seu trabalho de conclusão de curso, o que lhe renderá o título de um profissional apto, capaz, munido da qualificação que tanto exige esse tão competitivo mercado de trabalho atualmente:
* Uso de forma literal de alguma palavra, conceitos, frases sem dar os créditos devidos a quem as profere, sem dar a devida citação ao material de origem;
* Utilizar-se da paráfrase (recriação fazendo uso das mesmas ideias), tendo em vista os mesmos elementos de um dado tópico do texto original;
* Uso de uma estrutura ou qualquer outro elemento, tais como uma tabela, um gráfico, enfim, uma imagem, sem a respectiva credibilidade.

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte


Condutas indesejáveis na produção científica

A fraude, o plágio, a colaboração imprópria e a fabricação de informações são algumas das condutas indesejáveis na produção científica.

A palavra “conduta” permite-nos associá-la a questões relacionadas à ética, concebida, portanto, como uma espécie de posicionamento adequado que deve ser adotado pelo ser humano em meio às suas relações interpessoais. Conduta, então, concebe-se como a forma pela qual o indivíduo deve optar para reger sua vida em sociedade.
Assim expressando, é possível que pensemos por alguns instantes que esse tipo de posicionamento não está em nada relacionado à produção do conhecimento, a busca por uma verdade em se tratando do universo científico. Equivale afirmar que se trata de um mero engano, haja vista que a ética, igualmente presente em todas as esferas da vida humana, também se faz demarcada quando o assunto pende para o meio acadêmico, basta que para isso verifiquemos acerca do texto “Plágio em trabalhos acadêmicos”.
As informações expressas no texto referido nos remetem à ideia de que, para dar sustentatiblidade à produção acadêmica de uma forma geral, torna-se um tanto quanto impossível o pesquisador contar somente com as ideias de que dele partem; ele precisa, antes de tudo, tomar consciência  de que deve contar com o apoio de pessoas, autores  reconhecidos pela comunidade científica, os quais versam acerca do assunto ora discutido, para justamente reforçar os argumentos, dar o sustentáculo maior aos posicionamentos uma vez firmados. Nesse sentido, não é de se estranhar que toda cautela se faz relevante nesse momento, haja vista que citações são necessárias, embate de ideias relativas a outrem é necessário, contudo, com os devidos créditos dados ao autor ou à autora de tais ideias, sem dúvida.
Pois bem, abordamos acerca do plágio ao nos remetermos ao texto em questão, embora ele represente apenas uma das condutas indesejáveis na produção científica. Além dele, cita-se a fraude, a colaboração imprópria e a fabricação de informações.  A fraude, como literalmente detectamos, representa o ato de falsificar todo e qualquer tipo de  informação. Nesse sentido, violar imagens, falsificar documentos, datas, bem como adentrar redes de computadores sem a devida autorização, no intuito de fazer qualquer tipo de alteração,  também consiste em uma atitude fraudulenta por parte de quem a comete.
A colaboração imprópria, como o próprio nome  já indica, resulta na falta de menção dos devidos créditos destinados a uma determinada pessoa que de certa forma colaborou para a composição do trabalho científico, seja na revisão, na pesquisa de campo, seja em qualquer  tipo de proposta, enfim, na organização como um todo da realização do trabalho sem que esta colaboração esteja devidamente mencionada.
A fabricação de informações , apresentando-se semelhante à fraude, resulta no ato de inventar, criar dados falsos e o que é pior: registrá-los como resultado, como fatos realmente comprovados.  Acerca dessa conduta indesejável, cabe afirmar que ela está entre os grandes problemas enfrentados pelas autoridades norte-americanas, por sua vez responsáveis pela promoção da integridade de pesquisa.
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Acusado de má-conduta científica, diretor do ICB nega fraude, mas admite erros

Uma comissão de sindicância, constituída pela Pró-Reitoria de Pesquisa, está investigando uma acusação de fraude científica contra o diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), professor Rui Curi. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também abriu uma investigação.
Em razão das denúncias, publicadas originalmente no blogue ScienceFraud (mantido por um pesquisador norte-americano), Curi mandou despublicar um artigo seu de 2007, “Regulation of interleukin-2 signaling by fatty acids in human lymphocytes”, publicado no Journal of Lipid Research.
O professor Curi nega que tenha havido fraude, mas reconhece erros nas imagens que ilustram o artigo. “São erros que nós não vimos. Asseguro que não houve má-fé”, disse à Folha de S. Paulo o diretor do ICB. “Não houve fraude e sim erros na montagem das figuras”, declarou a O Estado de S. Paulo. Ele atribuiu os enganos à sua ex-aluna Renata Gorjão, orientanda de doutorado. Outros ex-alunos seus, como Sandro Hirabara e Rafael Lambertucci, também são coautores do artigo despublicado.
O caso chama atenção por algumas semelhanças com episódio ocorrido em 2009, quando veio a público denúncia de plágio contra um grupo de pesquisadores do qual fazia parte a então reitora Suely Vilela (vide Informativo Adusp 296). O líder do grupo, professor Andreimar Soares, da Faculdade de Ciências Farmacêu­ti­cas de Ribeirão Preto, seria demi­tido pela USP em 2011, após pro­cesso administrativo.
Na época, Soares também responsabilizou sua orientanda, uma das coautoras do artigo questionado, e (como no presente caso) por escolha indevida de imagens: “Deixo claro que não houve plágio, e sim que ocorreu um lamentável erro de substituição de figu­ras pela minha ex-aluna de douto­rado”, declarou ao Informativo Adusp. Ela teve seu título cassado pela USP.
Produtivismo?
Há fortes evidências de que o caso atual, como os demais episódios de má conduta científica ocorridos na USP, tenha como pano de fundo a exacerbação do produtivismo acadêmico.
O diretor do ICB tem o impressionante número de 503 artigos publicados, além de 475 resumos apresentados em congressos. Os dados constam do currículo Lattes do professor, atualizado em maio de 2012. Outro número muito expressivo: dos 503 artigos, nada menos do que 98 foram publicados desde 2009, portanto no período em que ele está à frente do ICB.
Quer dizer que, em apenas quatro anos — exatamente no período em que vem exercendo a direção do ICB, com todos os encargos administrativos que essa função acarreta — o professor publicou quase 20% da sua própria produção científica, iniciada há 30 anos. Note-se que alguns pesquisadores de prestígio na área, colegas seus com perfil acadêmico semelhante, têm pouco mais do que uma centena de artigos publicados ao longo da carreira.
No dia 4/2, o Informativo Adusp encaminhou ao professor Curi perguntas sobre o caso. Até o fechamento desta edição, em 7/2, não recebemos suas respostas.
Solidariedade
Movimentação inusual vem ocorrendo no ICB, tão logo se anunciou que o caso seria investigado. Os professores Luiz Roberto Britto, ex-diretor da unidade, e Benedito Corrêa, vice-diretor da atual gestão, fizeram circular um documento de solidariedade a Curi, no qual destacam a idoneidade “absolutamente inquestionável” do colega e afirmam que “uma denúncia de potenciais problemas em alguns poucos artigos publicados não pode destruir” o que chamam de “uma sólida carreira acadêmica”. 
O professor Esem Cerqueira, também do ICB, questionou a “insistência” de Britto e Corrêa em “enviar-nos mensagens eletrônicas cobrando adesão aos seus intentos”, e pedindo aos docentes da unidade que “não se omitam” na defesa de Curi. “Como assim, ‘não se omitam neste momento’? Desde quando somos obrigados a uma tomada de posição em favor (ou contra) de quem quer que seja?”, reagiu Cerqueira. “E neste caso, em favor de um colega, antes mesmo dos resultados das investigações prometidas pela Reitoria, Fapesp e CNPq?”
Informativo nº 357

Definições exatas de má conduta científica

Após avaliar centenas de publicações, um grupo de pesquisadores da Universidade de Barcelona, Espanha, e da University of Split School of Medicine, Croácia, constatou que, sem a formulação de políticas que definam explicitamente quais são os tipos de más condutas na ciência e quais procedimentos devem ser adotados, a padronização das boas práticas acadêmicas é dificultada.
O artigo, publicado em dezembro na PLoS ONE, analisou 399 periódicos de todo o mundo com alto impacto na área de biomedicina, indexados ao Journal Citation Reports durante o mês de dezembro de 2011. Os autores observaram a predominância e o conteúdo das políticas voltadas para as boas práticas, analisando procedimentos adotados em casos de manipulação de dados e alegações de má conduta. Embora publicações na área de biomedicina tenham assumido posição de liderança na formulação de políticas editoriais, há poucas evidências de quais políticas estão voltadas para a prevenção de má conduta de pesquisa e quais aquelas que estão disponíveis ao público.
Dos 399 periódicos científicos analisados, 140 forneceram definições explícitas de má conduta em pesquisa. Falsificação foi diretamente mencionada por 113 publicações; fabricação de dados, por 104; plágio, 224; duplicação, 242; e manipulação de imagem, por 154. O predomínio de todos os tipos de políticas voltadas para reforçar boas práticas foi mais elevado em revistas que endossaram qualquer política vinda de editoras, associações, Office of Research Integrity (órgão dos Estados Unidos responsável, entre outras funções, pela prevenção de má conduta na prática científica) ou sociedades científicas.
As editoras Elsevier e Wiley-Blackwell tiveram a maioria dos periódicos incluídos na pesquisa – 22,6% e 14,8%, respectivamente. Nas publicações da Wiley prevaleceram definições claras de falsificação e fabricação de dados, enquanto, nos periódicos da Elsevier, o predomínio foi de referências a serviços de checagem de plágio.
Os autores concluíram que apenas um terço das principais publicações tem definições de má conduta disponíveis publicamente e menos da metade descreve procedimentos que devem ser adotados em casos de acusações de manipulação de informações. Como forma de incentivar a formulação de políticas internacionais a partir de órgãos associados à implementação de procedimentos, o estudo sugere que as revistas e suas editoras regulamentem e tornem públicas suas políticas, com o objetivo de aumentar a confiança em relação aos periódicos. Garantindo, ainda, o aumento dos níveis de transparência no âmbito acadêmico.


Fonte: Revista Pesquisa FAPESP. Edição 204 - Fevereiro de 2013

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